Francisco Corrente da Silva nasceu em 1948, 72 anos atrás, nas matas de uma Amazônia profunda e silenciosa, onde se criou. Difícil imaginar que aquele menino correndo descalço na beira de um igarapé, longe dos barulhos do mundo, alçaria voos tão altos. Uma grande história, a caminhada de um xamã, feiticeiro da floresta. Em seu destino estava marcado o encontro com um grande Mestre e uma bebida prodigiosa, de poder inacreditável. Cursou a escola passo por passo, sempre na linha de frente dos trabalhos, nunca se esquivou da luta, e foi galgando as alturas que sua fé permitiu. Na floresta se fez professor e recebeu todos que chegaram procurando a medicina sagrada. Andou por muitos recantos do País, cativou o coração de todos e deixou saudades por onde passou. Chico era direto, não tinha meias palavras, era o que era e não o que pensava. Palavras suas. Ensinou dando exemplo, pegava a enxada e saia na frente. Plantou muito, por onde andou ficaram suas sementes. Depois empreendeu voos maiores, atravessou o oceano e foi ao velho mundo, onde enfrentou uma alta corte mundial. Sempre foi um vencedor. Sua vida é uma vitória. Foi assim também na Espanha, ano 2000, e em todas as viagens que se seguiram, dando conta de uma grande missão planetária. Hoje festejamos seu aniversário. Muita gente lhe presta sua homenagem, seja lá nas matas da Amazônia como em muitos recantos do globo, muitos hoje se lembram do caboclo amazonense que trouxe para o mundo as pérolas da floresta. Sua memória permanece viva em todos que tiveram o privilégio de conviver com ele, sua alegria contagiante, e se soma com todos que depois o conheceram já “no plano”, como ele dizia, cantando seus hinos, onde o menino amazonense se fez homem e alcançou seu grande galardão na escola sagrada do Mestre Irineu.
Texto de Fernando Ribeiro
